Emily
Na transição de atitudes de uma adolescente para uma jovem e de uma jovem para uma adulta, sentava como de costume em frente a tela inanimada da qual mais gostava. Reproduzia palvras ao som do prelúdio de Bach, olhava para as estrelas de plástico grudadas no teto de seu quarto, onde imaginava ser dona um céu só pra si. Céu que a consolava em dias tristes com seu brilho, contelaçãoes pras quais fazia pedidos, pontos de luzes coloridos que rodavam quando chegava em casa após tomar algumas taças de pró - seco. Interpretações abundantes e momentâneas a cada segundo, a cada ângulo sob o qual ousava olhar. Com seu constante sorriso de quem amava cada descoberta da vida, era possível vê-la com uma sorriso ainda mais verdadeiro e intenso quando falava da semelhança entre músicas e textos, suas duas paixões. Não compreendia muito bem como palavras lidas ou ditas por outro alguém se encaixavam perfeitamente em sua vida, ou em qualquer vida alheia. Pensava talvez que essa fosse a maior loucura da existência, ou que aqueles autores e compositores seriam os únicos loucos capazes de penetrar qualquer âmago. Questionava-se a toda hora, não acreditava na possibilidade de que tantas e diversas formas de sobrevivência passassem pelo mesmo sofrimento ou felicidade para se encontrar na mesma frase. E se compunha linhas, mesmo que não publicadas considerava-se louca também, uma insana na maré alta da praia de Ipanema, que insistia em atravessar a arrebentação com suas palavras.
2 Comments:
At março 15, 2007 4:23 PM,
Anônimo said…
É miss Ayres, há muito mais pessoas vivenciando as mesmas coisas que nós.. em até diferentes momentos na vida.. e que simplesmente nos "cabem" de forma espantosa..
E somos todos loucos, num mundo em que os normais, constroem bombas atomicas! rs =P
bjoooo lindona!
At março 28, 2007 10:33 PM,
Anônimo said…
é. meu teto também tem estrelas mas não se compara ao céu de estrelas-cadentes da serra da mantiqueira.
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