Luz
Observava como em camera lenta o que acontecia em sua volta, a expressão de cada rosto conhecido, o copo que fora derrubado deixando o refrigerante cair no chão. As gargalhadas agudas que escutava em sua volta, as frases da música que nunca ouviria e pela primeira vez pareciam fazer vibrar seu martelo. Via também a si mesma, as veias aparecendo sob sua pele quase transparente, o cheiro absorvido e exalado por seus poros da festa em que os outros participavam. O motivo da comemoração lhe parecia digno, mas não conseguia manter-se ali. Sentia olhos em seu corpo, atenção em suas palavras, espanto de alguns que não a viam há bastante tempo, mesmo sem entender o motivo. Reconhecera a todos, os mesmos rostos e piadas infames, questionava-se procurando respostas para sua aflição. Nunca se sentira muito bem naquele meio, mas mudara seu comportamento desde a última vez. Não sabia se agora era a pena por não ver evolução alguma em cada um deles ou a certeza de que nunca evoluiriam que a fazia dar o seu maior sorriso e ter todas as atenções daquela tarde.
1 Comments:
At março 27, 2007 4:35 PM,
Anônimo said…
Cabeças pensantes ou não sempre tomam conta dos espaços em q nos encontramos.Não tem jeito.
Se sentir "excluido" do meio onde estamos é uma forma de consequencia quando resistimos a algo(seja oq for...a burrice alheia ou até mesmo o desinteresse a algo que julgamos idiota,imbecil ou até mesmo CHATO)
Texto muito interessante mesmo.Ainda mais para uma aspirante a psicologa =P
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