Gone

Era como se tivesse um talho na maçã. Visível a todos mas insensível a si mesma. Desfilava exibindo-o não sabendo que sua existência era tão óbvia. Alguns diziam ser uma cicatriz tão profunda que nada conseguira apagar.As pintas pareciam brincar em sua pele clara, o sorriso dominava-lhe, mas seu olhos, de modo algum, deixavam que ela exprimisse seus sentimentos, suas lágrimas. Pareciam feitos de vidro fosco, do qual nada pode-se perceber ou obter. Algo isento de sensações, o concreto sem qualquer consoante do abstrato.Machucava-se imaginando que a gota de sangue que escorria por seu pulso dissesse o caminho a seguir. Mas ela escorria sozinha, percorrendo seu próprio caminho e voltava logo a seu lugar de origem, formando sua rede e ali ficando até que a água pudesse levá-la. O rubi tornava a surgir cada vez mais frequente fluindo pelo seu mesmo trajeto. O vício daquela dor, não a deixava enxergar, que o ponto onde se encontrava era o local da porta que precisava abrir.