Inside Me

Devaneios...

segunda-feira, abril 09, 2007

eddie

Já era maior de idade, mas continuava questionando-se em relação as suas opiniões. Tinha alguns conceitos formados pra si, que poderiam ser relacionados ao preconceito racial ou mesmo ao homossexualismo, mas nunca à religião. Achava que as pessoas não precisavam de disfarces nem encobertamentos, que deveriam ser o mais natural possível, mesmo que não agradasse a todos. Achava que nada deveria ser escondido, que o mundo evoluiria e um dia ninguém mais sofreria pelos mesmos motivos que ela. Mas percebeu que nem a própria conseguira agir com toda sua espontaneidade em todos aqueles anos e que odiava a exposição e os discursos que escutava na rua dos ditos pertencentes ao exército do senhor. Muitas pessoas a achavam madura demais pra sua idade, poucos a compreendiam, mas estava sempre cercada de amigos. Grande parte a descrevia como inteligente e culta, o que adorava escutar mas não sentia-se parte desse grupo. Outros diriam que era só um estilo de se vestir que a mesma usaria para aparecer e outros ainda falavam que a mesma o usava para ser uma pirainha discreta. Era verdade ser dona de uma alma livre, não Ter muitos receios nem repressões, e fingia não incomodar-se com as palavras alheias. Encontrou uma antiga paixão em mais um de seus passeios rotineiros. Conversavam, como sempre, sobre seus pontos de vistas e idéias formadas que geralmente eram opostos, mas as faziam refletir os pensamentos da outra. Adorara encontrá-la , eram discussões ávidas e construtivas que pareciam pertencer a dois mundos distintos. Continuaram com seu jogo, cerveja e conversa, quando pararam em um assunto que odiava, ela, a própria. Fechou os olhos tentando fugir, quase pressentindo que escutaria o que seus ouvidos não poderiam suportar. Então, tornou-se real, a boca que emitia aquele som agudo era a mesma pela qual foi apaixonada, a mesma pela qual chorara e sentira prazer. Poderia ser notas vindas de qualquer lugar, menos dali. Seus olhos encheram d’água, mas pôs se a rir, como se a conversa fosse sobre outro alguém.
Foi embora sem muitas explicações, embebida pelo álcool, tabaco e a frase que não saía de sua cabeça. Sabia que era interpretada erroneamente, mas dessa vez mudou de foco. Imaginou um dia que aquele ser a conhecera do jeito mais sincero que poderia ser, que poderia lê-la com apenas um olhar e flagrou-se enganada. Por fim, achou mais uma resposta, a insegurança que nunca fora apagada dentro de si e que fazia com que ela pedisse atenção a todos os olhos noturnos.

3 Comments:

  • At abril 09, 2007 10:44 PM, Anonymous Anônimo said…

    Conversando com paixões antigas, isso é engraçado e trágico...hahahahhaha, gostei do q li! bjo

     
  • At abril 10, 2007 1:00 AM, Anonymous Anônimo said…

    muito bom,escritora!
    Gostei bastante e me encaixei em lguns trechos =P

     
  • At maio 12, 2007 3:16 PM, Anonymous Anônimo said…

    Os escritores que admiro sabem reproduzir nitidamente uma cena. Eu vi, o que você quis dizer.

     

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