Left

Tentava encontrar a diferença exata entre o copo metade cheio ou metade vazio. A frase, expressão e até mesmo o volume em seu interior poderia ser igual, mas não o intuito de quem opta em dizer um ou outro. Detalhe perturbante, porque se comparado a qualquer outra coisa, achava óbvio preferir sempre o meio cheio ao meio vazio, afinal, era melhor um bolso meio cheio de dinheiro ou meio vazio? Uma vida meio cheia de sonhos ou meio vazia deles? Não, não depende do que se trata. Este meio pode se enquadrar a perfeita metade de qualquer coisa, desde que se suponha um máximo pra tudo, quase como um limite. Logo, era inconcebível qualquer outra opção, mas se ao mesmo tempo era tão óbvio, porque esse detalhe lhe trazia tanta dúvida? Era insuportável a quantidade de pensamentos e informações que vinham à tona como num circuito fechado sem sistema de refrigeração. Nada saía dali, nenhuma conclusão. Outro problema. Se pra ela a matemática era capaz de dar todas as soluções, sua ciência estava naufragando junto naquele momento. Mas talvez fosse a preferência ao excesso à falta, da intensidade que regia seus dias. Talvez, fosse mesmo apenas a ilusão da qual uma única palavra era capaz de criar no seu mundo rosa de bolinhas brancas.