Sunday Morning

Sentia-se pesada, quase nao conseguia levantar de sua cama, algo dominava suas entranhas, tornava-a imóvel. Sabia que alguns domingos lhe causavam aquele efeito e, as vezes, até gostava, pois traziam-lhe alguma inspiracao. Mas nao era assim que o primeiro dia do mês seguia girando seus ponteiros. As brotoejas ardiam-lhe o pescoco expondo a vermelhidao que seus olhos teimavam em esconder. Sentia a inconstância sempre presente em si, esvair-se por seus dedos e fechava um pouco sua mao, na tentativa, inconsciente, de segurá-la. Nao era um alguém que precisasse de muitas respostas, as incertezas, eram quase o ar que respirava. E naquele fatídico despertar angustiava-se. Talvez, a incerteza fosse tanta e tao longa, que já poderia ter tornado-se uma certeza, talvez, houvesse apenas cansado do seu jeito inspirar e expirar sua vida. Foi dominada por um impulso e discou os números que sua mente insistia em lembrar sequencialmente. Ficou muda na esperanca de que, do outro lado do fone, obtesse a percepcao desejada. Chocou-se. Frustrou-se, seria uma palavra até mais cabível. Seu âmago perssistia em mostrar-lhe o que sua alma queria negar. Pestanejou, preferiu acordar na próxima semana para que, talvez, tivesse a corgem de absorver as frases ditas do outro lado da linha.